Cônjuges e
filhos viram alvos de empresas
Folha Empregos - 15.05.2006
Um dos maiores desafios das empresas é descobrir formas de
aumentar a produtividade e, ao mesmo tempo, cortar custos. Aplicadas todas as
tecnologias disponíveis, resta a elas voltar-se para seus recursos humanos. E,
seguindo essa lógica, ganham espaço a cada dia nas grandes companhias os
benefícios voltados às famílias dos funcionários.
"O mercado de trabalho mudou muito nos últimos anos. Antigamente, havia um
descomprometimento da firma com o lar dos funcionários. Hoje, as companhias
querem aumentar a sintonia entre a vida pessoal e a profissional, pois sabem que
isso gera envolvimento com o trabalho", diz o professor de sociologia do
trabalho da Unicamp Ricardo Antunes, autor dos livros "Os Sentidos do Trabalho"
e "O Caracol e Sua Concha: Ensaios Sobre a Nova Morfologia do Trabalho".
As empresas confirmam. O objetivo de todas as ações é transformar-se em membro
da família. "Isso aumenta a satisfação do funcionário e, conseqüentemente, leva
a um maior engajamento, o que proporciona elevação da produtividade e da
criatividade, além de melhoria no clima organizacional", explica Adriana
Valente, gerente de RH da Michelin.
De olho nisso, muitas corporações investem em ações que vão de apoio a estudos e
presentes para bodas de prata ou de ouro a viagens internacionais e empréstimos
com taxas de juros subsidiadas. "Queremos acabar com essa separação
empresa/família. O indivíduo é um só e para estar bem em casa deve se sentir bem
no trabalho e vice-versa", diz a gerente de RH da Amil, Ivania Morgado.
A operadora de planos de saúde realiza anualmente o programa Jovem VIP (Visão,
Inspiração e Positividade), que reúne cerca de cem filhos de funcionários entre
13 e 18 anos para debater o futuro profissional e, assim, dar suporte aos pais
na fase em que os adolescentes passam a tomar decisões.
"Meu filho ficou impressionado com a história de vida do presidente da empresa e
isso o motivou a estudar", comenta o analista administrativo da Amil Julio César
Ezequiel dos Santos, 33.
Já a Michelin criou um clube que conta com infra-estrutura semelhante à de
clubes pagos -piscinas, quadras, churrasqueiras, salões de festas, restaurante,
academia de ginástica e até minizoológico- e é a principal fonte de lazer dos
funcionários da fábrica que fica no Rio de Janeiro.
"Ficamos a uma hora e meia do centro da cidade e não há muitas opções de
divertimento por perto. Preferimos o clube que tem segurança dia e noite e
atividades para toda a família", comenta o monitor do setor de máquinas da
Michelin Moacir da Silva, 56.
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