EQUILÍBRIO ENTRE A VIDA PESSOAL E PROFISSIONAL
Fonte: DCI - Mário Grieco 29.09.2005
Empresas já percebem a importância de ajudarem no equilíbrio entre a vida profissional e pessoal de seus funcionários. Novos benefícios, aparentemente onerosos às empresas, podem garantir retorno na quailificação dos serviços e na retenção de talentos.
São Paulo/SP - Hoje em dia, mais do que nunca, as empresas
dão grande importância ao equilíbrio entre a vida pessoal e profissional de seus
funcionários. Isso tem uma explicação simples: as companhias chegaram à
conclusão de que programas voltados para manter esse equilíbrio as tornam mais
competitivas tanto para atrair como para reter talentos.
Além disso, sabem que patrocinar a melhora da qualidade de vida do funcionário
significa contar com um melhor índice de produtividade na mesma proporção em que
diminuem as faltas.
Pesquisas realizadas pelo Great Place to Work Institute deixam claro que, depois
do quesito “desenvolvimento”, o que mais motiva os funcionários a se manterem na
empresa é a possibilidade de equilibrar vida pessoal e profissional.
A maioria das empresas tem a preocupação de oferecer um programa de benefícios à
sua equipe que vá além dos vales-refeição e planos de saúde. Falo de iniciativas
que beneficiam diretamente a vida particular do funcionário, tais como horário
flexível de trabalho, berçário, dia da doença familiar (permitindo que o
funcionário fique em casa cuidando de filhos e parentes), jornada reduzida às
sextas-feiras, programas de apoio pessoal (com orientação qualificada e
confidencial para problemas de ordem psicológica, familiar, jurídica e
financeira), entre outras.
Há também um crescente número de empresas que oferecem os chamados benefício de
conveniência, isto é, lavanderia, academia, salão de beleza, banco, creche, etc.
— tudo isso no próprio ambiente de trabalho.
Todas essas ações são muito úteis no que diz respeito a contribuir para uma
melhor qualidade de vida dos funcionários. Embora sejam sempre bem-vindos, nem
sempre são bem aceitos pelo time. Nesse caso o papel dos gerentes é fundamental.
Porque, por melhor que seja o programa, estão fadados ao fracasso se não
contarem com o apoio e comprometimento das lideranças.
De nada adianta oferecer um programa de Home Office (que permite ao funcionário
trabalhar de casa alguns dias da semana), por exemplo, se não houver maturidade
suficiente do colaborador beneficiado e, especialmente, do seu gerente.
Um estudo realizado recentemente demonstrou que a maioria dos funcionários não
utiliza os programas de benefícios por receio de serem punidos por seus
gerentes. Considerada essa situação, a pesquisa mostrou que a premissa que
predominava entre as lideranças era a de que a qualidade do trabalhado efetuado
estava intimamente relacionada com a freqüência no escritório.
Os funcionários também reportaram que quando utilizavam os programas oferecidos,
eram penalizados com baixa avaliação de performance, menor aumento salarial —
independente de serem em geral os mais produtivos do time. Por isso, reitero: é
indispensável promover ações para aumentar a qualidade de vida da equipe —
processo que, lá na frente, traz benefícios também para a empresa. No entanto,
trata-se de uma prática que exige cuidados e muita educação interna.
Considerar como preguiçosos funcionários preocupados em cuidar da vida pessoal e
que, embora amplamente comprometidos com o trabalho, reservam tempo substancial
para suas relações familiares é, no mínimo, miopia profissional. O pior é que
essa falta de visão no curto prazo traz prejuízos irreparáveis no futuro.
Afinal, os tempos atuais em que a gestão de pessoas ganha mais
representatividade exigem que se saiba fidelizar o funcionário igual ou melhor
do que se faz com os clientes.
O autor é presidente da Bristol-Myers Squibb Brasil e professor da Business
School São Paulo
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