Vínculo
pessoal com o trabalho é arriscado
Folha de S. Paulo - 15.05.2006
Numa análise superficial, os programas de benefícios com foco
nas famílias parecem só apresentar vantagens, tanto para empresas quanto para
funcionários. Um exame mais aprofundado, no entanto, chama a atenção para alguns
fatores que podem gerar problemas para ambas as partes, ressaltam os
especialistas.
Um deles é a pressão que a família exerce sobre o funcionário. "Ao fortificar o
vínculo entre as partes, a empresa ganha um aliado, que é a família do
profissional. Ela se torna solidária com a empresa e passa a influenciar o
desempenho do profissional, seja no sentido de manter os benefícios, seja no de
ganhar outros, como prêmios", afirma o professor Ricardo Antunes, da Unicamp.
A supercompetição é outro ponto destacado pelos estudiosos. Segundo o professor
de recursos humanos da PUC-SP Jean Pierre Marras, ações como essa fomentam a
competitividade interna e o individualismo, podendo causar conflitos de
relacionamento. "O funcionário tende a ficar mais egoísta, pois precisa obter
resultados superiores aos dos colegas para ganhar o prêmio", explica.
O vice-presidente de produção da Liberty Paulista, Matias Ávila, contesta essa
visão. Para ele, a competição gerada pela busca do prêmio é saudável: "Os
funcionários e corretores sentem-se motivados para conquistar negócios".
Apesar de sua mulher ter passado a cobrar pelos resultados do trabalho, o
diretor de produtos da seguradora, Paulo Tadeu Umeki, que ganhou uma viagem
internacional para o casal ao superar metas, concorda e diz acreditar que não há
motivo para conflitos. "Devo parte da conquista a minha mulher, que torceu
bastante. Em casa, eu falava muito de trabalho e ela sempre me incentivava",
diz.
Órfãos da empresa
De acordo com o psicólogo organizacional Sigmar Malvezzi, ações que envolvem a
família tendem a ampliar o vínculo do profissional com a empresa e uma ruptura
abrupta desse laço -como uma demissão- gera diversos problemas de saúde, como
depressão e baixa auto-estima. "Os dados em relação a essas situações são
alarmantes. As pessoas desenvolvem depressão e reprimem sua manifestação", diz.
O apego sentimental à empresa também pode prejudicar a carreira do profissional.
Alguns deixam de considerar boas oportunidades de crescimento por medo de perder
o contato com os colegas e os benefícios da empresa.
"Sabemos que a atitude paternalista tem esse ponto negativo. Por isso, para
evitar o comodismo, cobramos bom desempenho dos funcionários", afirma a diretora
de recursos humanos da Redecard, Simone Afhcar. "Já houve casos de funcionários
que tiveram de ser desligados por apresentar desempenho abaixo do esperado e em
que foi necessário dar apoio psicológico para que não entrassem em depressão",
exemplifica.
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